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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Vinil x arquivos digitais de música (um alerta para quem deseja começar ou retornar ao vinil).


Questão complicada neste estágio tecnológico da indústria fonográfica, mas que, ainda assim, gostaria de deixar aqui as minhas modestas contribuições na falta de uma "bola de cristal";  não que as fontes analógicas e digitais sejam excludentes umas das outras, absolutamente.  Depende do seu propósito e valor que você dá a reprodução eletrônica da música, observada, obviamente, a possibilidade de investimento neste entretenimento.
Do lado do vinil contamos com a vantagem de uma reprodução claramente mais natural, próxima da realidade.  Há quem conteste este fato.  No entanto, quase sempre apuramos consistir a contestação na impressão não fundamentada de "técnicos" que sequer ouviram sistemas equilibrados no patamar que estamos comentando.  E, sem ouvir, com todo o respeito, não há o que comentar.
Voltando ao tema ...  Lidar com vinil custa paciência, atenção, espaço e cuidado no trato dos conhecidos bolachões, um apurado set up do toca-disco e do conjunto cápsula/braço, sem falar na máquina de lavar discos, indispensável para quem possui um acervo alentado.  Arriscaria dizer que, com menos de quatro mil dólares investidos lá fora (com muita boa vontade e sem contar os tributos), não dá para possuir um sistema baseado no vinil, capaz de encantar e beirar ao estado-da-arte. Lembre-se que o toca-disco necessita de um bom pré de fono, ou seja, um equipamento a mais (não vá colocando um que custe menos de cem reais e achando que vai atender).  Também ressalvo que existe uma boa e eficiente a máquina de limpeza de vinil nacional, artesanalmente fabricada pela (ou melhor: pelo, pois é um inventor) PHK, por pouco mais de trezentos reais.  Água de toneira só serve para retirar o excesso de sujeira, de discos imundos. Não para uma limpeza profunda nos sulcos dos discos aparentemente limpos ou novos, na qual água destilada ou deionizada é fundamental e/ou produtos especializados.


Já do lado da reprodução digital, sem descartar os CDs, SACDs e DVDs de Audio, a reprodução a partir de conversores de DSD tem chegado bem próxima às reproduções de fontes analógicas, segundo a crítica especializada  e aquilo que já ouvi (o meu DAC é o Audioquest Dragonfly, que não possui esta possibilidade de conversão de DSDs).  Há DACs, porém, que estão encantando o mundo audiófilo, lembrando a sonoridade das master tapes!!!
Contudo, o que se percebe neste momento é que os toca-discos voltaram à tona, ainda que o ritmo de vendas já não seja o mesmo demonstrado nos anos passados em que se anunciava o seu retorno ao mercado.  Pelo menos é o que eu li em certa revista especializada, comentando uma das últimas feiras internacionais no campo eletrônico, a CES. Ademais, servidores de audio, dispensando Macs e PCs, estão cada vez mais acessíveis, com destaque estrondoso para o HAP-1ZES da Sony, criadora do SACD e tantas outras invenções.
Portanto, a menos que você possua centenas de LPs em bom estado, esteja disposto a limpá-los e consistam em obras autorais não reeditadas no digital, não incentivaria o amigo, principalmente com orçamento curto, a trilhar este caminho.
Ah!  Tentar recuperar o seu toca-disco vintage não é uma boa opção (a não ser que você queira apenas a reprodução do fonograma, não importando a qualidade).  Fiz isto com o meu Technics SL 1800MK2 e vi o quanto é dispendioso, não costumando dar bons resultados esta tentativa, por vários motivos, a começar pela oxidação do cabeamento interno da pickup, a ausência do controle de ressonâncias etc.
No meu sistema atual o que encanta é o vinil, sem sombra de dúvida, proporcionando envolvimento musical, resultado do hiend quando devidamente harmonizado.  Não adianta inserir rodas de uma Ferrari Spider num Camaro Amarelo e este rodar movido a rafinado.  Cada componente no seu devido lugar, todos atuando sinergicamente no sistema.  Caso contrário, só frustração.
Agora, se o objetivo é simplesmente ouvir música ou tê-la ao fundo no ambiente, servidores e DACs são o caminho, e não farão feio.  Só não se esqueça do back up dos arquivos digitais.
Não obstante, creio que a tecnologia empregada nos DACs, na velocidade que tenho observado da tecnologia, está próxima da qualidade do vinil mediante um investimento bem mais econômico.
Aliás, é quase sempre assim, quando gigantes e inovadoras como a Sony resolvem voltar a esse universo de ponta.
Enfim, como cresce o número de sites especializados para o download pago das músicas! Enquanto isso vou garimpando os LPs de 45 rpm, que parecem ainda mais livres de "placs e plocs" ...
Aliás, o que é esta última edição de "Time Out", do Dave Brubeck Quartet, no álbum da Analogue Productions?  A gravação sempre foi reconhecida como maravilhosa, muito arejada, com palco muito aberto, visível.   Mas em 45 rotações parece que estamos ouvindo as fitas matrizes.  Quanto ao "ploc",  nenhum vestígio.



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